A ocupação humana do território da Terra Fria onde se insere Bragança, é longínqua, com marcas evidentes em muitos sítios bem como achados arqueológicos, constituindo um riquíssimo património cultural.
Os vestígios de ocupação relacionados com a Pré-História Recente são insuficientes para estabelecer um quadro coerente de povoamento. Durante a Idade do Ferro, o povoamento do território adensa-se em castelos graníticos nos cumes altos, em cabeços destacados no interior de planaltos ou nos relevos em esporão. Surgem povoados fortificados (castros) distribuídos ao longo dos vales fluviais. São de uma forma geral, povoados de dimensões, médias ou reduzidas, com esquemas de defesa mais ou menos elaborados, surgindo as muralhas, construídas em alvenaria seca ou com areias e argilas, associadas, parapeitos e barreiras de pedras fincadas, aproveitando sempre as possibilidades de defesa oferecidas pela própria topografia.
O Distrito de Bragança teria sido ocupado dois ou três séculos antes de Cristo por duas comunidades étnicas: os Zoelae pertencente ao povo Astur, com capital em Castro de Avelães cujo território, quando da ocupação romana constituía civitas Zoelarum, integrada no conventus Asturum. O território do distrito de Bragança era no tempo da romanização, parte da Espânia Ulterior e numa nova divisão administrativa, passou para a Província Tarraconense da chancelaria de Astorga, sendo os Zoelae o povo dominante nestes territórios.
A romanização do território
O processo de romanização, deixa inúmeros vestígios, para além da instauração de um quadro administrativo formal, implicou também mudanças estruturais na organização indígena do espaço e na economia. São construídas vias de comunicação, para facilitar a administração e exploração da região norocidental da Península. Das quatro principais vias, uma atravessava esta região: aVia XVII do Itinerário de Antonino. Existem marcos milenários que confirmam a passagem desta via no tempo dos imperadores, Augusto em Castro de Avelães, Adriana em Babe, Caracala em Castro de Avelãs e Babe, Caro em Gimonde, Maximiano em Gostei e Constantino I em Lamolonga.
A presença dos germânicos desarticulou a organização administrativa romana, votando a região ao isolamento, consolidando-se deste modo laços comunitários que permitaram a sobrevivência de algumas comunidades. A partir do século V, o território transmontano terá sido integrado no Reino Suevo, sendo conquistado pelos Visigóticos, dois séculos mais tarde. 126 anos após a formação da monarquia, os visigódos ocuparam quase toda a península com excepção das Astúrias onde se refugiaram os visigóticos e de onde terá começado a reconquista creitã.
Em 1130, Afonso Henriques, cujo objectivo primordial da sua política era o repovoamento e o controlo estratégico do território, atribui o governo da região Bragança ao seu cunhado Fernão Mendes, o Braganção, passando este a desempenhar um papel fundamental na reorganização do povoamento nos territórios do norte e nordeste. A manutenção dos limites do território português, impõem uma especial atenção das linhas de defesa da fronteira com Leão. Por isso, D.Fernão Mendes terá escolhido o lugar de Benquerença para ali fixar um povoado, que ficaria situado na primeira linha de defesa, da nova fronteira nascida com o novo Reino de Portugual. Estavam em marcha os primeiros lançõs, da futura fortaleza que não só dos mouros se havia de precaver como também dos cristãos leoneses,que tantas vezes a devastaram. O reconhecimento da importância do local e a intenção de aumentar a área de povoado de Benquerença, leva D.Sancho I a conceder em 1187, a carta de foral de Bragança tendo em 1188, dotado a povoação com a primeira cerca amuralhada (o foral terá sido renovado por D.Afonso III em Maio de 1253 e por D.Manuel em 11 de Novembro de 1514). A história medieval de Bragança é a história da tentativa de instituição de um centro regional dominante na mais periférica zona do reino. Como já foi referido, este processo iniciou-se com D.Sancho I, que se preocupou em efectivar a proximidade entre o poder régio e a família dominate do Nordeste, reforçando a autoridade régia na região. É neste contexto que se explica a fundação da cidade de Bragança, com origem no lugar de Benquerença. A partir daqui o povoado torna-se um importante núcleo administrativo, militar, religioso, económico e cultural.